Primeiramente, antes de refletirmos sobre a proposta de “ENSINAR E APRENDER COOPERATIVAMENTE” sob a ótica de um educador salesiano proponho relembrarmos os caminhos que marcaram a proposta tradicional de ensino, com o intuito de refletir sobre a ênfase dado nesta metodologia na formação de indivíduos passivos, capazes de agir em sociedade atendendo na maioria das vezes as imposições das classes dominantes. Em muitos momentos, durante a nossa prática diária, nos vimos inseridos neste contexto. A sociedade contemporânea não pode mais de forma alguma, contar com esta proposta, marcada pela austeridade, cujo ideal de perfeição é o ponto de partida e de chegada, viabilizado através da "possibilidade de ensinar tudo a todos – Comenius”. Atualmente, precisamos reconhecer historicamente a importância desta prática para aquele momento, e avançarmos para uma proposta voltada para a libertação do homem oprimido “Paulo Freire”, cuja prática se fundamenta na relação entre homem e realidade. Apesar da distância de tempo e de ideias, a proposta tradicional de ensino, a seu modo, apresentou e desenvolveu uma proposta pedagógica criativa, transformadora e progressista, idealizando um novo homem e uma nova sociedade.(VIL-CIBEC) Comenius seu autor, a fundamentou em um contexto social muito diferenciado do contexto ao qual o educador do século vigente está inserido.
Logo, o desafio do professor contemporâneo consiste em pensar sobre: qual o papel da educação hoje frente a uma sociedade, informatizada, globalizada, em que informações de inúmeras vertentes chegam ao conhecimento de todos em tempo real? Como mediar à separação das informações significativas, transformando-as em conhecimento?
Dentro das inúmeras riquezas pertinentes a construção de saberes, surge à prática do aprender a aprender e se necessário, o desaprender para aprender. Pois em todo momento, é preciso refletir o conhecimento, como ferramentas do desenvolvimento cognitivo pautado nas interações sociais, indispensável ao desenvolvimento integral do ser.
Nesta perspectiva, os grupos COOPERATIVOS surgem com a proposta de promover à interação, a comunicação, a problematização, o estimulo a pesquisa, aderindo esta proposta, a uma estratégia didática que visa atender as necessidades sociais e pedagógicas, que contemplam os desafios da sociedade vigente.
O que fortalece o sucesso do grupo COOPERATIVO é o conhecimento do professor sobre as diferenças que permeiam o grupo, sobre o perfil de cada aluno, o respeito à singularidade de cada um, pois uma mediação coerente, consistente, desmistificar conflitos, competições, lideranças, resultando na abertura para a aprendizagem significativa de todos. A aprendizagem cooperativa promove através dos desafios e na relação com o outro, o desenvolvimento integral do indivíduo.
O professor ou professora, que adere a esta metodologia de ensino, precisa valorizar a aprendizagem dos estudantes, promovendo um ambiente capaz de gerar experiências fecundas e estimulantes, desenvolvendo desta forma as estruturas cognitivas que favoreçam a inteligência. Sendo assim, o grupo deve ser cuidadosamente formado e acompanhado pelo professor, observando, as situações Didáticas, situações A-Didáticas, Situações Co-Didáticas e a convalidação.
- Situação Didática: que denomina o início do trabalho a ser realizado. Responsabilidade do professor: conhecer o grupo, seus objetivos, a proposta de trabalho, o conteúdo a ser discutido...
- Situação A-Didática: momento do educando, o envolvimento do mesmo com o tema proposto, com o aprender.
- Situação Co-Didática: o desenvolvimento do trabalho, mediado pelo professor.
- Convalidação: o resultado dos trabalhos, o professor ainda neste momento exerce a função de mediador, aquele que promove o conhecimento acadêmico pautado no conhecimento científico, através da interrogação e confronto das respostas.
Com chave de ouro, embala esta prática, a metodologia de Dom Bosco, exemplo de presença, de amor, de dedicação, de aceitação do outro, de investir na formação de homens de bem, oriundas da prática da MGAC.
TRABALHANDO COM OS GRUPOS EM SALA DE AULA
1º Momento: Em roda, converse com seus alunos sobre o tema proposto, mediando/incentivando curiosidades apresentadas a partir dos conhecimentos prévios das crianças. Durante este momento, leve seu aluno a pensar em uma forma de expor para os demais segmentos da escola o tema a ser trabalhado. As ideias vão surgindo e devem ser valorizadas, conduzidas ao crescimento do grupo.
2º Momento: Antes de iniciar o trabalho, reflitam sobre: o que vem a ser cooperação. Se precisar, de acordo com a faixa etária, levem-nos a refletir nos pequenos afazeres diários, como:
· A organização dos seus brinquedos em casa,
· O carinho/cuidados com o irmão menor,
· Como poderiam dividir o lanche quando o colega não traz,
· O que você faria se alguém precisasse da sua ajuda para atravessar a rua, ler uma placa de informação, ouvir uma história, identificar pontos em mapas, precisar de companhia, etc.
Em suma, este momento de esclarecer o que vem a ser COOPERAÇÃO, deve estar ligado ao entendimento da “ação” com sentido para a vida. Viver em grupo com partilha, trabalho, ajuda mútua, é o que se compreende por COOPERAR. É ajudar ao outro crescer, é aprender juntos, é saber que as tarefas desempenhadas em grupo, garantem a vitória de todos.
Entendida a proposta, divida os grupos de forma que, seus componentes tenham papéis definidos para a execução da tarefa a ser elaborada. Importante, o próprio grupo fazer esta divisão. Medie para que entendam a importância do outro neste contexto.
Exemplo:
1º grupo responsável pelo levantamento de imagens,
2º grupo, com a responsabilidade de procurar frases para compor o cartaz;
3º grupo ler as reportagens, selecionando frases para votação do nome a ser dado ao trabalho final;
4 º grupo responsável pela síntese e apresentação do todo
Vale salientar que conflitos surgirão, porém em portes menores do que os trabalhos em que muitas vezes são realizados por poucos membros do grupo. Neste propósito ajudar a crescer junto faz a diferença. O conhecimento ocorre de forma global.
3º Momento: execução da proposta
4º Momento: Apresentação do trabalho que pode ser estendido a outros seguimentos da escola.
Diante das sugestões acima, vale a seguinte reflexão: Pensar em grupo, agir como grupo, realizar atividades perante grupo, seja qual for à proposta, enquanto coordenador, professor, aluno, pai, mãe..., é impossível sem antes refletir sobre o que vem a ser grupo. Qual o papel ou quais os papéis pertinentes a cada membro de um grupo.
Com carinho
Josiane Golin